Dissolução - C.J.Sansom

Título original: “Dissolution”
Autor: C. J. Sansom
Ano: 2003
Editora: Asa Editores
Género: Romance histórico, policial

Este é o primeiro livro de uma série que nos apresenta “Dr. Matthew Shardlake, o corcunda mais astuto dos tribunais de Inglaterra”. Uma personagem atormentada pelo seu físico disforme mas dotada de uma inteligência e perspicácia, bem como um sentido de humor, sem paralelo. É um verdadeiro policial histórico que nos faz lembrar “O nome da rosa” de Umberto Eco.

O romance começa numa altura conturbada, no meio de um processo de dissolução dos mosteiros na Inglaterra do famigerado Henrique VIII. Este, após ter rompido relações com o Vaticano e se ter declarado Chefe da Igreja, nomeia Thomas Cromwell para proceder a investigações nos mosteiros com a intenção de mais tarde ou mais cedo, os dissolver, apropriando-se assim das suas riquezas para encher o tesouro real.

Mas no mosteiro de Scarnsea, na costa sul de Inglaterra, este processo não foi encarado da melhor maneira e o enviado de Cromwell, Singleton, é encontrado decapitado.
Para abafar rapidamente rumores de revolta e não dar tempo ao rei para se enfurecer, Cromwell envia Matthew Shardlake, um grande apoiante da Reforma, pois “os advogados são os maiores bisbilhoteiros que Deus ao mundo deitou” e este não vai deixar nenhuma lacuna por preencher.

Shardlake, juntamente com o seu jovem ajudante Mark, durante vários dias, vai conviver com os ocupantes do mosteiro, que nunca são o que parecem, desvendar mais mistérios e revelar mais segredos sórdidos do que alguma vez pensaria e gostaria.

No meio desta intriga, Matthew Shardlake cruza-se com católicos, ateus e outras pessoas pelo menos apreensivas quanto à Reforma Protestante, o que dá origem a diálogos onde as várias posições doutrinárias se confrontam e a personagem principal deste romance defende a sua posição de protestante de forma convicta, com a qual eu me identifiquei na forma de pensar e suportar a minha fé como nunca vi num best-seller.

“A Bíblia diz que Deus fez o homem à Sua imagem mas eu acho que nós O fazemos e refazemos consoante a imagem adequada às nossas necessidades volúveis” é a última frase do Dr. Matthew Shardlake que reflecte o seu desapontamento ao perceber que, apesar dos homens se dizerem cristãos, cada um faz o seu próprio deus e são poucos os que percebem que a personalidade de Deus não se molda face aos nossos desejos mas somos nós o barro nas Suas mãos.
Joana Loja
Set 2009



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