Amazing Grace

Título original: Amazing Grace
Ano:2006
Realizador: Michael Apted
Género: Biografia, Drama, Histórico
Actores principais: Ioan Gruffudd, Romola Garai, Benedict Cumberbatch, Albert Finney, Michael Gambon, Rufus Sewell e Youssou N'Dour
Estou tão habituada a que os títulos dos filmes não transmitam a verdadeira essência do filme que, se não fosse por meio de um convite inesperado a meio da semana, não teria sequer ponderado em ver “Amazing Grace”.
O facto de ter estreado em Setembro de 2006 no Canadá, e só agora, a 21 de Maio de 2009, ter chegado a dois cinemas de Lisboa, demonstra o pouco impacto do filme, o que não surpreende, tendo como título o nome de uma música que à maior parte dos portugueses não diz nada.
Ironicamente, quando estava no 11º ano, tive de fazer um trabalho para História. O tema era livre, e o meu pai apresentou-me a personagem de William Wilberforce.
Não me dizia absolutamente nada, como não vos deve dizer grande coisa também.
Demorou algum tempo a descobrir o esforço de anos, a batalha incansável, a resistência que acabou por esgotar um grande homem e a fé que conseguiu mobilizar a consciência de uma nação.
Muito resumidamente, William Wilberforce nasce a 24 de Agosto de 1759, entra para a Universidade de Cambridge e aos 21 anos é eleito para a Câmara dos Comuns, no Parlamento inglês. Um início brilhante de carreira para alguém tão jovem, mas sem a influência de Deus na sua vida.
Passados três anos, adere à Igreja Evangélica e a sua vida muda completamente, não só na sua vida pessoal como na sua maneira de fazer política.
No filme a história começa numa altura em que Wilberforce já está esgotado física e psicologicamente de uma batalha sem frutos, ponderando desistir de algo em que acredita profundamente: os escravos são seres humanos e é inaceitável que o homem possa tratar outro ser igual como um animal.
Aos 37 anos, a 15 de Abril de 1797, conhece Barbara Ann Spooner, “empurrado” pelos tios que achavam que só o casamento o poderia recuperar daquele estado de saúde precário. E é dentro de uma conversa com a mulher com quem viria a casar a 30 de Maio do mesmo ano, que assistimos ao relato da luta de uma vida que só viria a vencer a 23 de Fevereiro de 1807, quando o Parlamento aprovou, por esmagadora maioria, a lei que proibia o tráfico de escravos.
No decorrer da história, deparamo-nos com a voz poderosa de Wilberforce e com a sua predilecção pela música Amazing Grace, escrita por John Newton. John Newton fora um comerciante de escravos, dono e capitão de um navio negreiro, o qual se converte a Cristo e dedica o resto da sua vida a fazer o bem. É ele que ajuda Wilberforce a perceber que o desígnio de Deus para a sua vida não é o abandono da política para se tornar pastor ou o abandono dos seus princípios por amor à política, mas que na política pode servir os propósitos de Deus.

Para os amantes de um bom filme, podem contar com interpretações tocantes, actores de renome como Michael Gambon e Albert Finney, belos cenários, recheados de cor e bons planos.
Desconheço qual a intenção do guionista e do realizador, mas parece-me que fizeram um filme sem grandes fins comerciais, sem recorrerem a cenas de violência ou sexo (tantas vezes desnecessárias, como prova este filme).
É um óptimo filme que reconheço que pode significar mais para mim do que para tantos outros, não só porque a história de Wilber me é familiar, mas porque é uma prova de como Deus muda as nossas vidas radicalmente, dá-nos dons que podemos usar para a realização dos seus objectivos e o impacto que podemos ter na vida dos outros, se acreditarmos.

texto de Joana Loja
13 de Junho de 2009

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